Retiro Sinodal em Balsamão: atitudes para participar no Sínodo | Diocese Bragança-Miranda

Realizou-se, como estava programado, o retiro mensal, em Balsamão, no dia 22 de maio, subordinado ao tema “Atitudes para participar no processo sinodal”, em que participaram 8 pessoas presencialmente e um número indeterminado através do Facebook do Convento de Balsamão.

Depois da oração da manhã, às 9:30h, seguiu-se a reflexão do tema, iniciada com a oração ao Espírito Santo, deste sínodo para qual nos sentimos todos convocados. A apresentação do tema foi sendo intercalado com o diálogo entre os participantes.

O facto de sabermos que fomos todos convocados para este sínodo e nos é dado tempo e espaço para falar, sentimo-nos estimulados a participar. Embora ainda haja  muitas resistências “para superar a imagem de uma Igreja rigidamente dividida entre chefes e subordinados, entre os que ensinam e os que têm de aprender”, agrada-nos a ideia, apresentada pelo Papa Francisco, de que os pastores devem caminhar com o povo, “umas vezes à frente, outras no meio e outras atrás”: à frente, “para mostrar o caminho”, ao meio “para ouvir o que o povo está a sentir” e atrás “para ajudar aqueles que ficam um pouco para trás e para deixar que o povo veja um pouco com o seu faro onde estão as melhores ervas”. A Igreja sinodal exige que os pastores sejam os primeiros a ter uma mentalidade sinodal.

Sentimo-nos estimulados a participar quando o Papa Francisco nos encoraja a levar a sério este processo sinodal, e nos diz: “o Espírito Santo precisa de vós. Ouvi-o escutando-vos uns aos outros. Não deixeis ninguém de fora ou para trás. /.../. É necessário ouvir” os que andam longe da Igreja, “o que eles pensam, sem querer impor as nossas coisas: deixar que o Espírito nos fale”. O processo sinodal “é um processo de escuta uns dos outros, de libertação da palavra e do sentir crente, em pequenos grupos ou comunidades”, para que, “cada pessoa possa dizer o que sente, como se sente em Igreja, se se sente feliz, ferida, humilhada, como é possível mudar, que caminhos gostaria que fizesse a Igreja para curar as feridas sentidas por tantas pessoas”.

Eis as atitudes que permitem uma escuta e um diálogo genuínos, na nossa participação no Processo Sinodal:

Ter tempo para a partilha, para que todos possam falar com coragem, liberdade, verdade e a caridade.  A humildade de escutar deve corresponder à coragem de falar.

Um diálogo em que temos de estar dispostos a mudar as nossas opiniões com base no que ouvimos dos outros, tendo presente que os Sínodos são um exercício eclesial de discernimento. O Processo Sinodal dá-nos a oportunidade de nos abrirmos à escuta de forma autêntica, sem recorrer a respostas prontas ou a julgamentos pré-formulados. É preciso deixar para trás preconceitos e frases feitas. A sinodalidade exige que os pastores escutem atentamente o rebanho confiado aos seus cuidados, tal como requer que os leigos exprimam os seus pontos de vista com liberdade e honestidade. Todos se escutam uns aos outros por amor, num espírito de comunhão e da nossa missão comum. É preciso curar o vírus da autossuficiência: precisamos uns dos outros, aprendemos uns com os outros, caminhamos juntos e estamos uns ao serviço dos outros. Devemos evitar o risco de dar mais importância às ideias do que à realidade da vida de fé que as pessoas vivem em concreto. Somos chamados a ser faróis de esperança e não profetas da desgraça. Os Sínodos são um tempo para sonhar e “gastar tempo com o futuro”: Somos encorajados a criar um processo local que inspire as pessoas, sem excluir ninguém, a criar uma visão do futuro cheia da alegria do Evangelho.

Falando sobre o núcleo temático da escuta, as pessoas sublinharam que o que facilita a escuta é ter uma mente e de um coração abertos, sem preconceitos, e estar integrados em grupos sinodais, criados para o efeito, que nos possibilitem essa escuta e essa partilha, pondo de lado as ideias pré-concebidas e o individualismo.

Quanto ao núcleo temático do falar, as pessoas disseram que o que facilita falar é quando sinto abertura e compreensão naqueles que me escutam, que não vou ser julgado pelo digo, quando sou estimulado para falar: é preciso criar espaços para que as pessoas falem, dando-lhe voz e vez.

O retiro sinodal concluiu-se com a adoração do Santíssimo e a oração de vésperas, contentes por compreender melhor a beleza de sermos uma Igreja sinodal.

P. Basileu Pires, MIC