Retiro mensal, em Balsamão, abordou as sínteses do processo sinodal | Diocese Bragança-Miranda
No dia 17 de julho, como estava programado, realizou-se, no Convento de Balsamão, o retiro mensal sinodal, subordinado ao tema “Processo sinodal nas Dioceses”, em que participaram, presencialmente, seis pessoas, e um número indeterminado pelo Facebook.
O retiro iniciou-se com a oração da manhã (Laudes), pelas 9:30h. Seguiu-se a meditação, em estilo sinodal, sobre o tema proposto: alternando, oração ao Espírito Santo, exposição e diálogo. A exposição, da parte da manhã, foi a visualização do programa 70X7, da Agência Eclésia, do dia 26 de junho passado, sobre o “Caminho sinodal em Portugal”, que apresenta a sínteses da primeira fase do processo sinodal nas Dioceses de Santarém, Leiria-Fátima, Lisboa, Guarda, Viseu, Arquidiocese de Braga, o contributo dos Consagrados e das Forças Armadas e Segurança para o sínodo, e as Jornadas Nacionais do Episcopado, em que participaram os Coordenadores sinodais diocesanos. Da parte de tarde, vimos mais algumas sínteses de outras dioceses: Bragança-Miranda, Viana do Castelo, Angra do Heroísmo e ainda do Algarve.
“Caminhar com”, “percorrer o caminho lado a lado”: Estamos a percorrer caminhos novos na Igreja. o Sínodo sobre a Sinodalidade é um tempo de salvação, é um kairós para a Igreja, uma oportunidade que não podemos perder!
O sínodo foi e é, sobretudo, uma experiência de aprender a escutar os outros, para saber o que é que o Espírito Santo está, hoje, a dizer à Igreja: “A proposta que, aparentemente, era simples, acabou por ser um exercício pessoal e comunitário difícil, que é o estar pronto a escutar e o ter a coragem de falar. Estas duas coisas, o escutar e o falar, é que podem ajudar-nos a fazer o discernimento. Demo-nos conta que isto não era propriamente um debate de ideias, mas era termos uma atitude orante e deixar que o Espírito se sentasse entre nós e pudéssemos realmente escutar; e que quando tomássemos a palavra não fosse em jeito de argumento ou contra-argumento, não tinha a ver com uma questão de forças ou de ideias, mas tinha a ver com um desejo grande de peneirar ideias, sentimentos, sonhos, experiências que temos”. Fica claro que este processo sinodal “mais do que um ponto final é um ponto de partida”. (Coordenadora da Diocese de Santarém). “O Papa Francisco acredita e eu também acredito que o Espírito Santo é livre para inspirar os mais simples, os mais pobres. Ela fala através das crianças. Nós não somos donos do Espírito, somos instrumentos de que o Senhor se servir este povo” (D. Traquina, Bispo de Santarém).
Este processo sinodal surpreendeu e entusiasmou muitas comunidades.
O sínodo “foi uma experiência extraordinária! A experiência em si foi a maior riqueza. Portanto creio que este é início de um caminho muito interessante, de uma Igreja mais aberta, mais inclusiva e mais participativa” (Padre da Diocese da Guarda).
“Há um certo entusiasmo, que se manifesta da parte das pessoas, também dos sacerdotes, alguns mais céticos. Notamos que as pessoas estão abertas à mudança, à novidade, àquilo que este sínodo pode trazer como transformativo para vida da Igreja, sobretudo a nível da Igreja local, nas paróquias” (Padre da Diocese do Algarve).
“Fiquei surpreendido com o sínodo – diz-nos um leigo, pouco ligado à Igreja. Tem sido uma experiência muito interessante e reveladora de uma coisa que todos nós sabemos, mas que aqui está demonstrado, que é o espírito profundamente humanista do Papa Francisco ao propor este sínodo que é de uma abrangência e de uma abertura, que é absolutamente fora de série. Portanto, tem sido um processo profundamente interessante e uma grande descoberta.”
O sínodo “é para levar os cristãos a tomar consciência do seu lugar e da sua importância na Igreja ... para ajudar é ser criativos na forma de ser e de estar na Igreja” (Padre do Patriarcado de Lisboa).
O Contributo dos que “estão fora” é muito importante. A igreja quer que todos participam e vai ai encontro de todos para escutar a todos: “As pessoas têm necessidade de ser escutadas, e nós temos que ouvir para compreender e não para responder. E é isso que está a acontecer, e é muito bom e gratificante “ir ao encontro das pessoas” (leiga da paróquia de Marateca).
Eis algumas sugestões que colhemos das sínteses das Diocese, numa linha mais operativa:
- As pessoas querem ser mais escutadas: A Igreja tem de aprender a escutar “para compreender e não para responder”. “Temos que ser uma Igreja que escuta mais”, particularmente as pessoas que não frequenta a mesma Igreja. As mulheres querem ter outro tipo de peso e nas decisões da Igreja, elas que são incansáveis e silenciosas obreiras da pastoral paroquial e diocesana. Os jovens também querem ser escutados e chamados a participar na vida da Igreja.
- Há o problema dos “donos da Igreja” que tantas vezes impedem que outros se aproximem e participem na vida Igreja: os exercícios dos ministérios laicais devem ser partilhados pelo maior número possível de leigos para que alguns não se sintam ‘donos da Igreja” ou “guardiães do tempo”.
- Sente-se necessidade de formação quer dos padres quer leigos, de todos os agentes pastorais, para construir uma Igreja sinodal. O sínodo não é uma moda, mas modo permanente de ser e de viver em Igreja. Sente-se a necessidade dos leigos assumirem um papel mais activo nas tomadas de decisão.
- A Igreja tem de aprender a comunicar, a dialogar com a sociedade, nos ambientes onde está inserida.
- Cultivar na Igreja a primazia ao amor incondicional no acolher a todos aqueles que vivem numa situação “não regular” perante a Igreja.
Este processo sinodal “não é uma coisa para parar, é uma coisa para continuar” (leiga da Diocese de Santarém). “Este processo de consulta de participação de todos, na reflexão, na partilha, na tomada de decisões, não pode ser uma coisa adicional, tem de pertencer ao ADN da Igreja”. Ou a Igreja aproveita este sínodo, como tempo oportuno para se renovar “ou então é uma Igreja que vai ficar sem capacidade de penetração na sociedade onde vive” (D. José Ornelas, Bispo de Leiria Fátima e Presidente da Conferência Episcopal).
Este retiro sinodal, que nos empenhou mais activamente nesta igreja sinodal que queremos ser, concluiu-se com a adoração do Santíssimo e a oração de vésperas.
Artigo e fotografia: Pe. Basileu Pires, MIC