Homilia de D. Nuno Almeida na Solenidade da Assunção de Maria (Macedo de Cavaleiros e Vilas Boas) | Diocese Bragança-Miranda
-Macedo de Cavaleiros: 75º aniversário aprovação de Direito Diocesano da Congregação Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado.
-Vila Flor, Santuário de Nossa Senhora da Assunção.
Saudação Inicial
Como peregrinos de esperança, celebramos a meio de agosto, a Assunção de Nossa Senhora, a Páscoa de Maria. Maria, sempre unida ao seu Filho, na vida e até à morte, uma vez concluído o percurso da sua vida terrena, é a primeira criatura associada à glória da ressurreição do Seu Filho. Ela é a nossa campeã do ouro mais fino. Ela é a Estrela de mais brilho nos céus. Ela corre ao nosso encontro para nos fazer peregrinar com os pés em terra e os olhos postos no céu, meta do nosso caminho para o Pai.
[Saúdo o Sr. D. António Montes, os sacerdotes e diáconos, as autoridades religiosas e civis que aqui se encontram, os consagrados e as consagradas, de maneira especial as Religiosas da Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado. Hoje passam 75 anos em que a Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras foi aprovada como Congregação de Direito Diocesano. Esta celebração é de ação de graças a Deus e para dizermos um grande obrigado a todas as irmãs que mantiveram e mantêm vivo este carisma!].
Homilia
Queridas irmãs e queridos irmãos!
1.Como em todas as grandes festas – e a Assunção de Nossa Senhora é grande solenidade… - também hoje somos levados a olhar, bem alto, para o alto! Contemplamos e celebramos a ressurreição ou a glorificação de Maria! Celebramos, como diz uma das antífonas da Missa de hoje, uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de estrelas na cabeça. Sim, mas com a meta, já alcançada por Maria, celebramos também e, sobretudo, um caminho, a Via Mariae, a que devemos a que devemos prestar toda a atenção, para que seja também o nosso caminho e alcancemos, também nós, a vida eterna, a vida em plenitude.
2.Peregrinos de esperança é o lema deste Ano Jubilar! E o Evangelho da Visitação mostra-nos a figura inusitada de Maria, grávida, mulher de esperanças, a correr a toda a pressa, pelos montes da Judeia, em peregrinação, em saída de Si mesma, ao encontro da prima Isabel. É grande a bem-aventurança que a sua prima Isabel lhe proclama, como abissal é a profundidade, o alcance e a beleza do cântico do Magnificat. Mas nada teria chegado aos nossos ouvidos, hoje, se Maria não se tivesse disposto a “sair de casa” e a “pôr-se a caminho”, pela serra!
Maria caminha na esperança, que lhe vem da confiança total na Palavra de Deus, que não engana!
3.O caminho de Maria é de estupefação e quase desnorte diante daquela tão inesperada Anunciação…
De confronto com José e, sobretudo, com os conterrâneos que nada perceberiam do que se passava…
De exílio e fuga no próprio país, primeiro, e fora dele, depois – como nos ajuda a melhor compreender os migrantes e itinerantes que hoje particularmente recordamos!
De rendição ao coração quando o que via e se dizia do seu filho não podia compreender… (muito menos o anúncio de uma espada a trespassar-lhe o coração…)…
De incógnitas perante a saída do mesmo à vida pública…
De dor mais profunda perante as perspetivas de um fim trágico, posteriormente confirmado e consumado… aos pés daquela cruz…
De peregrinação e descoberta com a comunidade nascente da Igreja de que sendo tipo e modelo, é membro e caminhante!
4. Celebrar hoje a Assunção de Maria é, por isso, abrir-se à grande esperança da vida eterna. Nela se espelha já o que todos havemos de ser um dia. Por isso, entre as lutas do presente (perante as guerras e incêndios sem fim!), quando afundamos num vale de lágrimas, nós pomos os olhos em Maria, esperança nossa. Maria é a Stella Maris, a Estrela do Mar, a esperança segura de que, nas tempestuosas vicissitudes da vida, Ela vem em nosso auxílio, apoia-nos e convida-nos a ter fé e a continuar a esperar e a amar. Ela é a nossa Estrela do Mar, a Mãe da santa esperança (cf. Sir 24,18). Maria permanece, em cada dia, como «sinal de segura esperança e de consolação para o Povo Peregrino» (LG 68)! Celebremos a Assunção, a Páscoa de Maria. Esta é, sem dúvida, a todos os títulos, a grande Festa da nossa Esperança!... Rezemos hoje e em cada dia, a Maria, «Salve, Rainha, esperança nossa»!
[Passaram 75 anos da aprovação de Direito Diocesano da Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado. As religiosas encontram no sacrário, no confessionário e no rosário o alento e a força para peregrinar com esperança. Basta estar aos pés do Mestre para que logo volte à unção do seu discipulado de amor e total entrega ao Senhor.
Na Exortação Apostólica “Gaudete et Exultate” (Alegrai-vos e exultai) – sobre o chamamento à santidade no mundo atual, publicada em 2018, o Papa Francisco sublinha a “santidade comunitária”: “A santificação é um caminho comunitário (…) Viver e trabalhar com os outros é, sem dúvida, um caminho de crescimento espiritual”. Viver em comunidade é um grande sinal profético para o nosso tempo tão marcado pelo individualismo.
Que a Senhora da Assunção, com o seu olhar de mãe, vos faça crescer, caríssimas Irmãs Reparadoras, em cada dia, na santidade pessoal (sacrário, confessionário e rosário) e comunitária. Imitai Maria e dizei o vosso SIM a Deus Pai e aos irmãos!
Damos graças a Deus pelos frutos que o vosso Carisma tem operado na nossa Igreja e na sociedade, pela multidão consagradas, de filhas primogénitos, que nestes 75 nos, se entregaram ao Senhor, se apresentam diante de Deus para serviço dos irmãos. Com é importante o testemunho do consagrado e da consagrada que têm a vida centrada em Deus e no amor aos irmãos! Hoje, especialmente pelas religiosas da Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, a quem em nome da nossa Diocese quero agradecer com alegria!]
Voltai o vosso olhar maternal para a família humana, que perdeu a alegria da paz e o sentido da fraternidade. Intercedei pelo nosso mundo em perigo, para que preserve a vida e rejeite a guerra, cuide dos que sofrem, dos pobres, dos indefesos, dos doentes e dos aflitos, e proteja a nossa Casa Comum.
Dai alento aos Bombeiros e a todos os que lutam na linha da frente dos incêndios. Protegei a vida e os bens dos que se encontram em perigo!
Ó Rainha da Paz, de Vós imploramos a misericórdia de Deus. Convertei os que alimentam o ódio, silenciai o ruído das armas que geram a morte, extingui a violência que grassa no coração humano e inspirai projetos de paz nas mãos de quem governa as Nações.
Ó Rainha do Santo Rosário, desatai os nós do egoísmo e dissipai as nuvens sombrias do mal na Ucrânia, em Gaza ... ! Enchei-nos com a vossa ternura, levantai-nos com a vossa mão carinhosa e dai a estes filhos, a vossa carícia de Mãe, que nos faz esperar o advento de uma nova humanidade de justiça e de paz!
+Nuno Almeida
Bispo de Bragança-Miranda
Fotografia: Irene Rodrigues/Secretariado diocesano das Comunicações Sociais.