Mensagem da Quaresma-Páscoa | Diocese Bragança-Miranda
Caríssimos Diocesanos
O tempo da Quaresma-Páscoa deste Ano Santo oferece uma experiência extraordinária de renovação espiritual, vivido no Jubileu da Santidade e da Misericórdia. Tocados pela Graça, somos convidados constantemente a olhar o coração de Deus: «A misericórdia é o coração de Deus. Por isso deve ser também o coração de todos aqueles que se reconhecem membros da única grande família dos seus filhos; um coração que bate forte onde quer que esteja em jogo a dignidade humana, reflexo do rosto de Deus nas suas criaturas» (Papa Francisco). Os sinais do Ano Jubilar, como as portas da Misericórdia, as indulgências, envolvem-nos ainda mais na conversão do coração e no abraço de ternura de Deus, que superam todos os cálculos humanos.
Convido-vos a peregrinar à Porta Santa da Catedral ou às outras portas da Misericórdia: Concatedral em Miranda do Douro, Basílica do Santo Cristo em Outeiro, Santuário de Nossa Senhora de Balsamão e Santuário do Imaculado Coração de Maria em Cerejais. A proposta de peregrinação diocesana estende-se ainda a Fátima, 10-12 de junho de 2016, e a Roma, 2-9 de julho de 2016.
Antes de mais, penso em todos os que não poderão peregrinar a uma destas Portas da Misericórdia, sobretudo os doentes, as Pessoas com deficiência, os presos e as Pessoas idosas e sós. Estes nossos irmãos e irmãs são convidados: a viver com fé e esperança o momento da provação, a participar na Eucaristia e a praticar alguma obra de misericórdia.
Atendendo às características da nossa Diocese e ao vasto território, estabelecemos ainda como igrejas jubilares, as igrejas paroquiais onde durante a Quaresma, tradicionalmente, se celebra o dia anual de retiro espiritual com a celebração dos sacramentos da Misericórdia (Eucaristia, Reconciliação e Unção dos Enfermos), para se alcançar a indulgência jubilar nesse mesmo dia.
1. A ternura do perdão
Neste tempo, a Igreja roga com sábia pedagogia à reconciliação com Deus e com os irmãos, à penitência e ao perdão: «Que a palavra do perdão possa chegar a todos e o chamamento para experimentar a misericórdia não deixe ninguém indiferente. (…) Deus não se cansa de estender a mão. Está sempre disposto a ouvir, e eu também estou, tal como os meus irmãos bispos e sacerdotes» (Papa Francisco). A celebração e a participação na Eucaristia, na Penitência ou Reconciliação, a escuta da Palavra de Deus, a profissão de fé (credo), a reflexão sobre a Misericórdia, a oração pelo Santo Padre, a prática do bem nas 14 Obras de Misericórdia e para além destas, orientam-nos para a Indulgência do Pai, que é Jesus Cristo.
2. Igreja orante
A oração, a esmola, o jejum, a abstinência, a partilha de bens materiais e espirituais são as formas clássicas para dar ao tempo da Quaresma a dimensão de conversão, de preparação para a Páscoa e de memória do Batismo, de reconciliação com Deus, com os irmãos e com a criação. Embora, a Liturgia seja o cume e a fonte da Misericórdia (SC 10), a piedade popular manifesta-a na contemplação da paixão e morte do Senhor pelo exercício da via-sacra, a recitação do rosário e outras devoções.
Pela segunda vez participaremos no dia mundial de oração, conforme a iniciativa do Papa Francisco – «24 horas para o Senhor» – a realizar-se nos dias 4 e 5 de março, conforme a organização de cada arciprestado. A oração orienta-nos a uma vida cada vez mais santa, a sentir a Igreja como nossa casa e a prosseguir na objeção de consciência às intrigas e às murmurações que fere a dignidade e o bom nome das pessoas e lesa a qualidade dos ambientes e das comunidades cristãs.
A lectio divina comunitária terá o seguinte programa na igreja de Nossa Senhora das Graças em Bragança, com a coordenação do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil e Vocacional e da Unidade Pastoral Senhora das Graças: 15 de Fevereiro – A meta da santidade: «Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação» (1Ts 4,3 – Ser santo); 22 de Fevereiro – Todos chamados à santidade: «Sede santos, porque Eu sou santo» (1Pd 1, 14-16; Lv 11, 44-45 – Santos no Santo dos Santos); 29 de Fevereiro – Santidade e Oração: «Mostra-me o teu rosto, deixa-me ouvir a tua voz. A tua voz é suave e o teu rosto encantador» (Ct 2,14 – A beleza da santidade); 07 de Março – Igreja, casa da santidade: «Ele a purificou com o banho de água e a santificou pela Palavra» (Ef 5, 25-27 – A Igreja santa e pecadora); 14 de Março – A vocação à santidade – na igreja de Santa Maria: «Acima de tudo o Amor» (1Cor 13, 1-8 – Hino da santidade).
3. ‘A Renúncia quaresmal’
Conhecer e praticar as 14 Obras de Misericórdia corporais e espirituais, um património da humanidade convertida em Cristo, é uma desafiante resposta humana da caridade cristã às muitas pobrezas e crises do nosso tempo: antropológica, económica, cultural, social, moral e espiritual.
Por consequência, a Renúncia quaresmal pessoal e comunitária deste ano, a entregar na coleta “ofertório” da Missa do Domingo de Ramos na Paixão do Senhor ou noutro dia, a critério dos Reverendíssimos Párocos, terá duas finalidades: o Fundo Social Solidário da Conferência Episcopal Portuguesa (com um “carácter emergente”, destinado a “todos os mais débeis e carenciados, sejam quais forem os seus credos ou origens”) e a requalificação do edifício central do Seminário de S. José, casa pastoral aberta a todos (uma casa do Presbitério, especialmente para os sacerdotes doentes e jubilados, uma casa diocesana de retiros, de cursos e de espiritualidade com uma biblioteca e um auditório, além dos quartos para o alojamento completo em articulação com a igreja, cozinha, lavandaria do Seminário e ainda com a Fundação Betânia). Para a coleta: «Cada um dê como dispõe em seu coração, sem tristeza nem constrangimento, pois Deus ama quem dá com alegria» (2Cor 9,7).
Uma santa e misericordiosa Quaresma para uma Páscoa florida na Esperança e «O Senhor vos faça crescer e superabundar de caridade uns para com os outros e para com todos, tal como nós para convosco; que Ele confirme os vossos corações irrepreensíveis na santidade diante de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de Nosso Senhor Jesus com todos os seus santos» (1Ts 3,12-13).
Catedral, 22 de janeiro de 2016, memória de S. Vicente, Diácono e Mártir.
+ José, Bispo de Bragança-Miranda
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