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Homília da Abertura da Porta da Misericórdia na Catedral de Bragança [1]Dom, 13/12/2015 - 12:07

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Abertura da Porta da Misericórdia Catedral, 13 de dezembro de 2015   1. DEUS ABRE A PORTA Ao entrar na igreja, a porta recorda de imediato as palavras de Jesus no Evangelho de S. João: «Eu sou a porta das ovelhas» (Jo 10,7) e logo a seguir, «Eu sou a porta, se alguém entrar por Mim, será salvo» (Jo 10,9). Cristo é a passagem do homem para Deus. Tanto na sua estrutura como no seu ornamento, a porta é símbolo de Cristo, a única porta da misericórdia. Por isso, passar a porta da igreja Catedral está cheia de significados e compromissos. Uma porta é, por um lado, uma realidade que fecha e separa dois lugares; e, por outro lado, que abre e mete em relação e comunicação. Tem além da sua função prática este apelo pascal de passagem, da condição de peregrinos à de contemplativos. A porta é assim uma meta, o termo de uma etapa de um processo de conversão: passar desta vida terrestre à vida eterna, da condição de pecador à salvação. Entrar na Catedral ou noutra igreja ou santuário pela porta, não significa entrar num edifício sagrado de culto, mas unir-se a uma comunidade crente e orante reunida em assembleia litúrgica, ou seja, em assembleia santa. Para todo o cristão, entrar na porta da igreja, «significa entrar a fazer parte de toda a história de fé de um povo e pertencer-lhe inteiramente. Quer dizer, escolher de ser membro do corpo histórico, presente e passado, da comunidade crente» (G. Boselli). O Papa Francisco, disse-o de uma forma mais viva, no dia 8 de dezembro, quando toda a Igreja foi com-vocada para (re)entrar pela porta santa da Misericórdia e prosseguir na abertura do Espírito: «ao cruzar a Porta Santa, queremos também recordar outra porta que, há cinquenta anos, os Padres do Concílio Vaticano II escancararam ao mundo. Esta efeméride não pode lembrar apenas a riqueza dos documentos emanados, que permitem verificar até aos nossos dias o grande progresso que se realizou na fé. Mas o Concílio foi também, e primariamente, um encontro; um verdadeiro encontro entre a Igreja e os homens do nosso tempo. (…) Trata-se, pois, de um impulso missionário que, depois destas décadas, retomamos com a mesma força e o mesmo entusiasmo. O Jubileu exorta-nos a esta abertura e obriga-nos a não descurar o espírito que surgiu do Vaticano II, o do Samaritano, como recordou o Beato Paulo VI na conclusão do Concílio. Atravessar hoje a Porta Santa compromete-nos a adotar a misericórdia do bom samaritano» (Papa Francisco, Homilia 08.12.15). Deus Pai abre sempre a porta da Santidade e da Misericórdia do Seu coração e pelo Filho, no Espírito Santo, faz-nos continuamente o arrojado convite: «Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso» (Lc 6,36).   2. PEREGRINOS SANTOS E MISERICORDIOSOS A santidade da Palavra tem de iluminar sempre os nossos passos nesta Igreja peregrina em Bragança-Miranda, como S. Paulo nos recorda na carta aos Tessalonicenses, o primeiro escrito do Novo Testamento: «Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação» (1Ts 4,3). A Igreja é comunhão dos santos e tem uma necessidade vital da misericórdia, por causa do nosso egocentrismo, orgulho, individualismo e tamanhas resistências à mudança da mentalidade e do coração. Nunca esqueçamos, como dizia o Beato Card. Newman, que: «viver é mudar, e ser perfeito é ter mudado muitas vezes». A vocação à santidade é o testemunho maior da dignidade cristã e conduz à perfeição da caridade ou da misericórdia, para sermos «misericordiosos como o Pai». Igualmente a vocação à santidade anda de mãos dadas com a Palavra de Deus e com a missão. Recordamos que a vida cristã é uma grande peregrinação à casa do Pai. Por isso, somos o povo santo de Deus que caminha nas estradas e nas ruas da vida. Também, em sinal disto mesmo, peregrinamos hoje à Catedral, a casa da oração e a porta do céu. «Aqui celebramos a claridade, porque Deus nos criou para a alegria» (Sophia de Mello). Na alegria e na esperança, ouso também convidar para a solene celebração da abertura das outras 4 portas da Misericórdia na nossa Diocese: dia 03 de janeiro de 2016 –  Concatedral em Miranda do Douro; dia 10 de janeiro de 2016 – Basílica do Santo Cristo em Outeiro; dia 17 de janeiro de 2016 – Santuário de Nossa Senhora de Balsamão; dia 24 de janeiro de 2016 – Santuário do Imaculado Coração de Maria, Cerejais. Para todos os Fiéis Presbíteros, Diáconos, Consagrados e Leigos que não puderem participar em nenhuma destas celebrações litúrgicas tão especiais, não deixem de peregrinar a uma ou a todas estas igrejas durante o Ano da Santidade e da Misericórdia, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão. A peregrinação pode ser pessoal ou em grupo com a Paróquia ou a Unidade Pastoral ou o Arciprestado ou com outras instituições e movimentos, esperando «que a indulgência jubilar chegue a cada um como uma experiência genuína da misericórdia de Deus, a qual vai ao encontro de todos com o rosto do Pai que acolhe e perdoa, esquecendo completamente o pecado cometido» (Papa Francisco). Conforme o nosso Plano Pastoral Diocesano, propomo-nos ainda peregrinar a Fátima, nos dias 10 a 12 de junho de 2016 e a Roma e a alguns lugares beneditinos e franciscanos, nos dias 2 a 9 de julho de 2016.   3. COM RENOVADA ALEGRIA A alegria é o enorme convite neste dia memorável e característica própria deste III Domingo do Advento. Todavia, a alegria do Evangelho não é um tema nem um livro a celebrar, mas uma pessoa: Jesus, o Cristo, o Messias e o Nosso Senhor. O Povo santo de Deus espera com fé o Natal e deseja celebrá-lo «com renovada alegria» (Oração colecta). A insistente alegria está logo presente na antífona de entrada deste domingo Gaudete in Domino: «alegrai-vos sempres no Senhor. Exultai de alegria: o Senhor está perto» (cf. Fl 4, 4-5). Então, o que fazer? Peregrinos alegres no presente, abrimo-nos ao futuro do Reino e como a multidão, os publicanos e os soldados perguntaram a João Baptista, também nós questionamos: «que devemos fazer?» João Baptista, o grande evangelizador que «anunciava ao povo a Boa Nova», responde à multidão com a indicação da partilha dos bens de primeira necessidade, como o vestir, o comer e o beber para os que sofrem a pobreza económica. Aos publicanos e aos soldados, o pregador das periferias, não diz para mudar de profissão, mas de a praticar honestamente. Em relação a Jesus, João, a voz da Palavra, nem se considera digno de ser um seu servo. O batismo de João era só com água e remia os pecados, somente Jesus, o Cristo, pode imergir e iluminar a nossa humanidade no Espírito Santo, na própria vida divina. Conhecer e praticar as 14 obras de Misericórdia corporais e espirituais – eis uma desafiante resposta humana da caridade cristã às muitas pobrezas e crises do nosso tempo: antropológica, económica, cultural, social, moral e espiritual. Com Nossa Senhora das Graças, mãe de misericórdia e modelo de santidade, por quem Deus deu «início à Santa Igreja, esposa de Cristo, sem mancha e sem ruga, resplandecente de beleza e santidade» (Prefácio de 8 de Dezembro), com S. Bento e com todos os Santos e Santas de Deus, tenhamos a coragem e a confiança de ser santos na Misericórdia. + José, Bispo de Bragança-Miranda -------------------------- Fotografias e vídeos: Comunicações Sociais Diocese.
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