A diocese de Bragança-Miranda participou na 31.ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ) com cerca de 20 jovens, oriundos dos concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vinhais.
Os peregrinos, acompanhados pelo padre Eduardo Novo, diretor do Secretariado diocesano da Pastoral Juvenil e Vocacional, partiram de Lisboa (a 23 de julho) rumo a Varsóvia, onde tiveram o primeiro contato com a realidade social, gastronómica, cultural e religiosa polaca.
Alojados num centro educativo dos padres marianos, na diocese de Varsóvia-Praga, os jovens participaram na eucaristia internacional na paróquia e santuário de Nossa Senhora de Lourdes e visitaram o património daquela cidade, nomeadamente: os bairros periféricos (ainda com marcas profundas da guerra), o centro histórico, mercado da Praça Velha, Castelo Real e templos religiosos.
Antes de rumar a Cracóvia, o grupo deslocou-se à cidade de Góra Kalwaria para visitar e participar na celebração eucarística em Wieczernik (Cenáculo), local onde se encontra sepultado Estanislau Papczynski, fundador dos padres marianos, recentemente canonizado pelo Papa Francisco.
Acolhidos por famílias polacas
Chegados a Cracóvia, na tarde de 25 de julho, os jovens foram recebidos na Paróquia de Santa Edviges e encaminhados para famílias polacas que os acolheram nas suas casas.
Até à Missa de Abertura da Jornada que ocorreu na tarde de 26 de julho, no parque Blonia, o tempo foi preenchido com visitas culturais à cidade, uma das mais antigas da Polónia, e capital do governo nazi durante a II Guerra Mundial.
“LusoFEsta” foi sucesso
Seguindo o lema “Faz-te próximo” mais de 2.500 portugueses encheram o Centro de Congressos Ice Krakow e partilhando testemunhos de fé e esperança deram voz e alegria aquela que foi considerada como a maior “LusoFEsta”. A iniciativa, organizada pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, contou com a presença dos bispos portugueses e teve a fadista Cuca Roseta como protagonista principal. Já os jovens da nossa Diocese também se mostraram muito ativos. Francisca Braz, estudante, natural de Macedo de Cavaleiros, subiu ao palco para dar testemunho do seu voluntariado com crianças. Os restantes colaboraram no acolhimento e secretariado da Festa.
A manhã de 28 de julho foi preenchida por catequeses itinerantes e visitas culturais à cidade mas o grande momento, o mais ansiado por todos, ocorreu ao final da tarde, com a cerimónia de acolhimento ao Santo Padre, no Parque Blonia.
Referindo que «não há nada mais belo do que contemplar os anseios, o empenho, a paixão e a energia com que muitos jovens abraçam a vida», e que «a misericórdia tem sempre o rosto jovem», o Sumo Pontífice lançou o desafio: «Queres tu, quereis vós uma vida plena? Começa desde agora a deixar-te mover à compaixão! Porque a felicidade germina e desabrocha na misericórdia. Esta é a sua resposta, este é o seu convite, o seu desafio, a sua aventura: a misericórdia», salientou.
No dia seguinte, ainda com as palavras do Papa Francisco bem presentes, os jovens participaram em celebrações eucarísticas, orações de Taizé, catequeses itinerantes e a Via-Sacra, onde os portugueses envergaram t-shirts brancas lembrando que “a paz é possível na Síria”. A manhã de sábado foi de descanso e preparação para a grande caminhada que se avizinhava até ao Campus da Misericórdia, a sul de Cracóvia.
Depois de 15 quilómetros de mochila às costas, e sob um calor intenso, os peregrinos chegaram ao grande palco da Jornada Mundial da Juventude para uma noite ao relento, entre as celebrações da Vigília e a Eucaristia com o Papa Francisco, na qual também participou D. José Cordeiro.
Salientando que os adultos precisam do ensinamento dos jovens para «conviver na diversidade, no diálogo, na partilha da multiculturalidade não como uma ameaça mas como uma oportunidade», na noite da Vigília de Oração, o Papa convidou cada um dos cerca de 2 milhões de jovens «a deixar as estradas da separação, da divisão, do sem-sentido».
Já na Missa de Envio que encerrou a JMJ, Francisco pediu aos jovens que acreditem numa «humanidade nova» onde não seja aceite “o ódio entre os povos».
«Não vos deixeis anestesiar a alma, mas apostai no amor formoso, que requer também a renúncia, e um “não” forte ao doping do sucesso a todo o custo e à droga de pensar só em si mesmo e nas próprias comodidades», pediu o Papa.
Aludindo à parábola de Zaqueu, o Sumo Pontífice falou da importância de cada um. «Tu és importante! E Deus conta contigo por aquilo que és, não pelo que tens: a seus olhos, não vale mesmo nada a roupa que vestes ou o telemóvel que usas; não Lhe importa se andas na moda ou não, importas-Lhe tu. A seus olhos, tu vales; e o teu valor é inestimável», frisou.
No final da celebração, Francisco anunciou a realização da próxima JMJ, em 2019, no Panamá.
Czestochowa e Auschwitz-Birkenau
Com as palavras do Papa ainda bem presentes, nos dias a seguir à JMJ, os nossos jovens rumaram a Czestochowa, capital religiosa da Polónia e um dos locais de peregrinação mais relevantes da Europa Central. Em Cracóvia prosseguiram visitas aos templos religiosos ligados ao Ano Jubilar da Misericórdia. Mais a sul, nas montanhas de Zakopane, visita à igreja de Nossa Senhora de Fátima e contato com a cultura, artesanato e gastronomia típicos da capital do Inverno polaco.
Fez-se silêncio e oração durante a visita ao antigo campo de concentração Auschwitz-Birkenau, onde dias antes também esteve o Papa Francisco.
Testemunhos
A maioria dos jovens diocesanos faz um balanço positivo da participação nas JMJ.
Cláudia Martins é natural de Macedo de Cavaleiros e está ligada aos Jovens MIC (Marianos da Imaculada Conceição). «Participar na Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia foi uma experiência única de fé, esperança e alegria que se fez sentir na troca de sorrisos e lembranças com os inúmeros jovens de diversas nacionalidades e que culminou com as palavras do Santo Padre dirigidas aos jovens durante a Vigília: “Tende a coragem de ensinar aos adultos que é mais fácil construir pontes do que levantar muros!”», salienta. «Depois do momento de silêncio efetuado por mais de milhão e meio de jovens, durante a Vigília no Campus Misericordiae, senti que o meu coração se encheu de amor e que com a Misericórdia de Deus se pode construir um Mundo melhor, todos juntos e mais próximos!», acredita a jovem engenheira de ambiente.
Tal como Cláudia, também Mafalda Neves participou pela primeira vez num evento à escala mundial. Para esta estudante «a JMJ foi uma experiência única que não só me enriqueceu bastante, a nível cultural, como também aumentou a minha fé e me fez crescer um pouco a todos os níveis. Nesta experiência, o que mais gostei foi a noite de vigília com o Papa e a interação com as várias nacionalidades presentes», frisa a jovem mirandelense.
in "Mensageiro de Bragança", 18.08.2016.