Mensagem de D. José Cordeiro para a Quaresma/Páscoa | Diocese Bragança-Miranda
Quaresma-Páscoa no Ano da Confirmação
1. Para confirmar o Mistério da Luz
Jesus Cristo é o autêntico Dom da Esperança e o grande mistério da Luz, que dissipa as trevas de todo o mundo. Na celebração da Vigília Pascal cantamos tão grande Luz: Lumen Christi (Luz de Cristo).
Neste Ano Litúrgico e Pastoral, as palavras do cego de nascença que Jesus curou: «O Senhor ungiu os meus olhos» (cf. Jo 9, 1-41) guiam-nos para podermos responder à pergunta: porque Jesus é o Salvador? A cura do jovem cego de nascença, que não pertencia a ninguém, testemunha o caminho da Iniciação Cristã, passando a pertencer a Cristo, a si mesmo e aos outros. Esta narrativa do encontro de Jesus com este mendigo da luz evoca todo o seguimento batismal com o crisma e a Eucaristia.
Confirmar, significa consolidar ou reforçar o batizado, completando o que já foi realizado no Batismo. A unidade entre o Batismo e a Confirmação remete para a Eucaristia. Embora estes sacramentos estejam separados na ação pastoral, constituem uma unidade celebrativa e até uma sequência no plano teológico. De facto, «é preciso não esquecer jamais que somos batizados e crismados em ordem à Eucaristia. Este dado implica o compromisso de favorecer na ação pastoral uma compreensão mais unitária do percurso de iniciação cristã» (Bento XVI). Mas, será que as nossas comunidades têm consciência da noção do vínculo íntimo e da unidade litúrgica e sacramental entre Batismo, Confirmação e Eucaristia?
2. Mendigos da Luz da Palavra
Com os adolescentes e os jovens, que como disse o Papa Francisco na JMJ do Panamá: «sois o agora de Deus. Ele convoca-vos, chama-vos nas vossas comunidades, chama-vos nas vossas cidades, para irdes à procura dos avós, dos adultos; para vos erguerdes de pé e, juntamente com eles, tomar a palavra e realizar o sonho que o Senhor sonhou para vós», continuamos a peregrinação da Luz na Lectio Divina. Em cada segunda-feira da Quaresma, no Santuário de Nossa Senhora das Graças em Bragança, sob a coordenação do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil Vocacional, iluminados na Luz da Luz, seguiremos este caminho missionário: 11 de Março – «O Senhor ungiu os meus olhos» (Jo 9, 1-41) [igreja de Santa Maria no castelo]; 18 de Março – «Deles é o reino dos Céus» (Mt 5,1-12); 25 de Março – «Sobre Ele repousará o Espírito do Senhor» (Is 11,1-4); 1 de Abril – «Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas» (At 1, 3-8); 8 de Abril – «Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também segundo o Espírito» (Gl 5, 16-25).
Na feliz experiência da Lectio Divina, exercitamos a familiaridade com a Palavra de Deus em 4 passos: 1) lectio do texto que provoca uma tomada de consciência autêntica do seu conteúdo real: o que é que diz o texto bíblico? 2) meditatio na qual se coloca outra pergunta: o que é que nos diz o texto bíblico? 3) oratio, que supõe a pergunta: que dizemos ao Senhor em resposta à sua Palavra? 4) contemplatio durante a qual nos assumimos como dom de Deus: qual conversão da mente, do coração e da vida nos pede o Senhor?
3. A Páscoa da Cruz à Luz
O Tempo Santo da Quaresma-Páscoa sugere-nos algumas terapias para a Páscoa da Cruz à Luz: a esmola; o jejum; o silêncio; a Lectio Divina; as “24 horas para o Senhor” (29 e 30 de março 2019) – além da participação na Eucaristia, a Penitência e a Oração.
Sublinhamos, por isso, o convite do Papa Francisco: «Que a nossa Quaresma seja percorrer o mesmo caminho, para levar a esperança de Cristo também à criação, que “será libertada da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus” (Rm 8, 21). Não deixemos que passe em vão este tempo favorável! Peçamos a Deus que nos ajude a realizar um caminho de verdadeira conversão. Abandonemos o egoísmo, o olhar fixo em nós mesmos, e voltemo-nos para a Páscoa de Jesus; façamo- nos próximo dos irmãos e irmãs em dificuldade, partilhando com eles os nossos bens espirituais e materiais».
A esmola, como sinal da “Renúncia Quaresmal” terá dois destinos: a abertura de poços de água em algumas Paróquias e a instalação dos estúdios da Rádio Ecclesia na Diocese do Sumbe, Angola; o Seminário, casa pastoral aberta a todos, da nossa Diocese de Bragança-Miranda. «É bom dar esmola como penitência dos pecados; o jejum vale mais que a oração, mas melhor que ambos é a esmola. A caridade cobre a multidão dos pecados, e a oração feita com intenção reta livra da morte. Bem-aventurado aquele que for achado perfeito nesta prática, porque a esmola redime o pecado» (Homília de um autor do século II). O ofertório da Renúncia quaresmal será coligido em todas as celebrações litúrgicas do Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, ou noutro dia mais indicado, a juízo dos Reverendíssimos Párocos.
Todavia, «o amor caritativo não se manifesta apenas nas esmolas de dinheiro, mas também, e muito mais, na comunicação dos ensinamentos divinos e no exercício das obras de misericórdia» (S. Máximo Confessor). Este é o tempo que nos chama a sermos autênticos discípulos missionários em comunhão. Este é o tempo para uma séria conversão espiritual, pastoral e missionária de todos e de cada um de nós. Cada um de nós é uma missão.
Abraço-vos cordialmente com a Bênção Pastoral na comunhão crente e orante e, «o Deus da Esperança vos encha plenamente de alegria» (Rom 15,13).
Catedral, 24 de fevereiro de 2019
+ José, Bispo de Bragança-Miranda
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Fotografia: Irene Rodrigues/Secretariado Diocesano das Comunicações Sociais
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