IX Fórum das Cáritas dos Países Lusófonos | Diocese Bragança-Miranda

IX FÓRUM DAS CÁRITAS DOS PAÍSES LUSÓFONOS

Cabo Verde, outubro de 2017

Entre os dias 07 a 17 de outubro de 2017, no Centro de Formação da Cáritas Caboverdiana nos Picos, Município de São Salvador do Mundo, Ilha de Santiago, estiveram reunidos os participantes do IX Fórum das Cáritas dos países lusófonos, tendo como tema: Fome e Desigualdades, o engajamento da Cáritas nos processos social e econômico desses países. Estiveram presentes as delegações de: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal, além de representantes da Caritas Internationalis e SCEAM - Comissão de Justiça, Paz e Desenvolvimento, totalizando 31 participantes e com a ausência de Timor Leste.

Destaca-se neste fórum o aprofundamento de temáticas como: fome e desigualdades nos países lusófonos; economia social solidária como estratégias de erradicação da fome e das desigualdades; mudanças climáticas e impactos nos países lusófonos; encíclica Laudato Si, desafios para as Igrejas dos países lusófonos; agroecologia como resiliência às mudanças climáticas e estratégia para segurança alimentar e nutricional; direitos humanos e o fenômeno migratório: Compartilhe a viagem. Destaca-se também, como altamente positiva a imersão na realidade das comunidades visitadas, os momentos de oração e celebração da Eucarístia, de modo especial, os 300 anos de Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Aparecida, padroeira do Brasil, e recordação dos 100 anos das aparições de Nossa Senhora de Fátima.

Considerando o atual cenário mundial de agudização da pobreza, desigualdades e fome, onde 1% da população concentra a metade de toda a riqueza do planeta, agravada pela recessão de 2008 e a crise econômica de 2015 que alargou a distância entre ricos e pobres. Assim, essa pequena parcela de privilegiados detém tanto recurso investido, quanto os 99% restantes da população mundial. (Cfr Credit Suisse, publicado em  El País, em 18/10/2015);

Considerando os desafios postos para a atuação da Cáritas diante da intensidade dos fluxos migratórios decorrentes da instabilidade política, mudanças climáticas, insegurança alimentar, conflitos armados, entre outros desafios da atualidade;

Considerando o modelo de produção capitalista neoliberal gerador de crises econômicas cíclicas que lhe retroalimentam, trazendo consequências nefastas para a classe mais pobre da poulação e para os recursos naturais;

Considerando o pouco impacto e eficácia dos acordos internacionais sobre os temas ambientais e da mobilidade humana;

Considerando que a Igreja Católica não pode ficar alheia a todas estas problemáticas, os representantes das Cáritas dos países Lusófonos comprometem-se a:

  1. contribuir para tornar mais ascessível o conteúdo da Encíclica Laudato Si , como ferramenta para conscientização da sociedade, adaptando-a à realidade social, econômica e cultural de cada país e ajudando, de modo especial, as comunidades cristãs a compreender que cuidar da criação não é só uma questão de sobrevivência, mas uma dimensão de fé;
  2. apoiar, valorizar, disseminar e consolidar iniciativas de economia social solidária como estratégia de combate e superação da pobreza, contribuindo para a criação ou reforço de políticas públicas de promoção desta prática, como parte integrante da economia de cada país;
  3. incentivar e apoiar todas as iniciativas de divulgação, defesa e prática da agroecologia como uma forma de contribuir para a segurança alimentar e nutricional, defesa do meio ambiente saudável, geração de renda das famílias e erradicação da pobreza e da fome;
  4. lutar pelo direito humano à alimentação e a promoção da segurança alimentar e nutricional das populações, denunciando as estratégias que tornam o alimento mercadoria rentável e negócio para as corporações que investem nas bolsas de valores;
  5. disseminar tecnologias sociais de preservação dos recursos hídricos e de aproveitamento das águas das chuvas, opondo-nos à qualquer medida que leve à privação bem como à privatização do acesso à água como recurso natural e como alimento;
  6. contribuir para maior preparação e resiliência das comunidades frente aos desastres e emergências decorrentes das mudanças climáticas que afetam nossos países e suas populações, bem como a incidir no controle social das políticas públicas relacionadas à redução de riscos de desastres;
  7. influenciar politicamente, a nível local, para que os protocolos das Nações Unidas, em especial os próximos pactos sobre migrações e refugiados, sejam cumpridos pela defesa dos direitos humanos e da autonomia das nações, apoiando também os esforços da Caritas Internationalis na advocacia para o cumprimento destes protocolos no respeito da dignidade humana;
  8. assumir as recentes orientações do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral sobre a mobilidade humana, priorizando a campanha internacional “Compartilhe a Viagem” e criando condições para o acolhimento, proteção, promoção e integração dos migrantes e refugiados, combatendo todas as formas de tráfico humano e rejeitando qualquer tentativa de associar esse crime à migração;
  9. fortalecer os laços entre as diferentes Cáritas lusófonas, dando cumprimento às finalidades que estiveram na origem da criação do Fórum, através dos intercâmbios, aprofundamentos temáticos e linhas de ação conjuntas, sendo também presença ativa e protagônica nos diferentes espaços e níveis de articulação eclesial.
  10. realizar o próximo Fórum em Angola, em 2019, no contexto do Cinquentenário da Cáritas Angolana.

Ao finalizar a edição do IX Fórum das Cáritas dos países Lusófonos, os participantes agradecem a Cáritas Caboverdiana e à paróquia de São Salvador do Mundo pela organização e acolhimento que possibilitaram um ambiente de oração, confraternização, intercâmbios, formação e um maior conhecimento das nossas realidades. Saímos do IX Fórum mais coesos e identificados com as causas comuns.

Que Deus abençôe a todos nós, às nossas igrejas e os nossos povos!

Cidade de Achada Igreja 16 de Outubro de 2017